Luis Claudio de Assis Motta
Delimitação do problema: Quem fez a República no Brasil?
Problematização: A representação do negro na
iconografia histórica durante a Proclamação da República.
Objetivos específicos: Analisar e Interpretar o negro como elemento participativo no processo de Proclamação da República no
Brasil.
Iniciar a aula com a apresentação da imagem 1
Imagem 1 –
Alegoria da República, óleo sobre tela, anônimo, 1889.
Extraído do
Livro didático
Após apresentar os sujeitos que aparecem na pintura e
discorrer sobre as classes sociais existentes no Brasil por ocasião da
Proclamação da República, levar o aluno a questionar:
Como o negro é representado na imagem tema da aula?
Qual a atuação do negro no processo de proclamação da
República no Brasil?
Porque apenas a nobreza e os militares aparecem em destaque
na imagem tema?
É possível perceber algum conflito de classes na imagem
tema?
Considerações finais
Quando
estudamos sobre a Proclamação da República do Brasil, aprendemos que ela foi
conquistada pelos militares tendo como um dos seus lideres o Marechal Deodoro
da Fonseca. No entanto uma pergunta instiga a nossa curiosidade: O povo
participou desse evento, tão importante do nosso país? Quais as contribuições
de negros e negras na instauração da Republica?
Como todos
sabem a República no Brasil foi proclamada em 15 de novembro de 1889, através
de um golpe militar que tinha o objetivo de derrubar a monarquia constitucional
parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania
do imperador Pedro II. Mas na verdade o golpe militar, que estava previsto para
20 de novembro, teve de ser antecipado para a madrugada do dia 14, pois
conspiradores divulgaram boatos que o governo imperial havia mandado prender
Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca. Com isso
conspiradores dirigiram-se à residência do Marechal Deodoro, que estava doente
com dispneia, e convence-o a liderar o movimento e antecipar o golpe militar.
Com o pretexto
de que Deodoro seria preso, ao amanhecer do dia 15 de Novembro, o Marechal
Deodoro da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de Santana, e,
do outro lado do parque, conclamou os soldados do batalhão ali aquartelado,
onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se rebelarem contra o
governo. Oferecem um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo
testemunhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. Depois apeou,
atravessou novamente o parque e voltou para a sua residência. A manifestação
prosseguiu com um desfile de tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março,
até o Paço Imperial.
Eis aqui um
trecho do manifesto do governo provisório republicano para refletir sobre a
participação do Povo na Proclamação da Republica:
“O povo, o
Exército e a Armanda Nacional (…) acabam de decretar a deposição da dinastia
imperial e, consequentemente, a extinção do sistema monárquico representativo”.
Apesar do
“Manifesto da Republica” citar o povo como agente participativo na tomada do poder,
este por sua vez não participou do Golpe Militar que derrubou a Monarquia
Imperial, mas assistiu pacificamente como relata Aristides Lobo num artigo no
Diário Popular de São Paulo, em 18 de novembro de 1889:
“Por ora,
a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles,
deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu
àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava.
Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”
Com isso
podemos concluir que a instituição da república não teve nenhuma característica
de revolução nacional, estando as principais metas do governo bem longe dos
interesses do povo. A verdadeira função era defender a ordem pública e
assegurar os direitos de brasileiros e estrangeiros pertencentes a classes
dominantes.
Acredito que
você esteja pensando: “Então o povo não participou da proclamação da
republica”, mas vamos com calma! Para que o Golpe Militar acabasse com a
Monarquia e tirasse D. Pedro II do poder, ocorreu muita luta antes do 15 de
novembro e são nessas lutas que encontraremos as classes populares, escravos,
negros libertos e tantos anônimos que não possuem lugar no Panteão dos Heróis
brasileiros.
Guerra do Paraguai
Um dos
conflitos que contribuiu para o enfraquecimento da Monarquia, contando com
grande participação de escravos e outros membros das classes populares, foi a
Guerra do Paraguai (1864-1870). Ao analisarmos as tropas participantes
notaremos a presença de Negros libertos ou não, lutando em pelo menos três dos
quatro exércitos dos países envolvidos. Os exércitos paraguaio, brasileiro e
uruguaio tinham batalhões formados exclusivamente por negros. Como exemplos
temos o Corpo dos Zuavos da Bahia e o batalhão uruguaio Florida. Os milhares de
escravos incorporados às tropas formaram a maioria dos batalhões brasileiros
naquele momento. Para não morrer nos campos de batalha, os aristocratas tinham
o direito de mandar os escravos em seu lugar. Além disso, para aumentar o
número de recrutas, o governo ofereceu liberdade aos escravos que fossem
guerrear. Aproximando-se dos soldados nas dificuldades da guerra, parcela dos
oficiais desenvolveu simpatia pelo abolicionismo. Com isso, mais um elemento
veio afastar o Exército da monarquia.
Os conflitos
abolicionistas e tantas outras formas de resistência a escravidão, foi um dos
fatores cruciais para o fim da monarquia como disse o Barão de Cotegipe à
Princesa Isabel ao assinar a Lei áurea: “A senhora acabou de redimir uma
raça e perder um trono!”. Com a decretação da Lei Áurea (1888), e ao deixar
de indenizar os grandes proprietários rurais, o império perdeu o seu último
pilar de sustentação. Chamados de “republicanos de última hora”, os
ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana.
Dentre
aqueles que integraram os movimentos abolicionistas destacamos aqui a
participação de Negros escravos e quilombolas, políticos como Joaquim Nabuco, o
teatrólogo Artur Azevedo e o poeta Castro Alves, os negros como o advogado Luís
Gama ou o engenheiro André Rebouças, mestiços como o jornalista José do Patrocínio.
O próprio exército, que se formou na guerra do Paraguai e que contou com
colaboração dos escravos, apoiou os abolicionistas. Além disso, as classes
médias urbanas engajaram nas lutas pelo fim da escravidão, os estudantes
universitários, que desenvolveram inúmeras atividades em prol da abolição.
Além das
revoltas, novos ideais são difundidos, a partir de 1870 com os intelectuais
brasileiros ao engajarem-se em questões sociais e lutando pela ampliação de um
projeto de afirmação da identidade nacional. Foram os intelectuais da “Geração
de 1870” como: Silvio Romero, João Batista Lacerda e tantos outros que
levantaram polêmicas em torno de uma identidade nacional que até hoje não foram
resolvidas, como o conceito Raça, Miscigenação e tantas outras teorias que
tentava explica o Brasil pela convergência de povos indígenas, africanos e europeus.
Portanto podemos notar que a Proclamação da República é a culminância de
diversas lutas travadas ao longo do tempo por intelectuais, movimentos sociais ansiavam
por um Brasil melhor e justo.
* Trabalho da disciplina Prática de Ensino em HVI sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.
* Trabalho da disciplina Prática de Ensino em HVI sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.