domingo, 2 de dezembro de 2012

Proclamação da República


Luis Claudio de Assis Motta


Delimitação do problema: Quem fez a República no Brasil?

Problematização: A representação do negro na iconografia histórica durante a Proclamação da República.

Objetivos específicos: Analisar e Interpretar o negro como elemento participativo no processo de Proclamação da República no Brasil.

Iniciar a aula com a apresentação da imagem 1



Imagem 1 – Alegoria da República, óleo sobre tela, anônimo, 1889.
Extraído do Livro didático


Após apresentar os sujeitos que aparecem na pintura e discorrer sobre as classes sociais existentes no Brasil por ocasião da Proclamação da República, levar o aluno a questionar:

Como o negro é representado na imagem tema da aula?

Qual a atuação do negro no processo de proclamação da República no Brasil?

Porque apenas a nobreza e os militares aparecem em destaque na imagem tema?

É possível perceber algum conflito de classes na imagem tema?


Considerações finais

Quando estudamos sobre a Proclamação da República do Brasil, aprendemos que ela foi conquistada pelos militares tendo como um dos seus lideres o Marechal Deodoro da Fonseca. No entanto uma pergunta instiga a nossa curiosidade: O povo participou desse evento, tão importante do nosso país? Quais as contribuições de negros e negras na instauração da Republica?

Como todos sabem a República no Brasil foi proclamada em 15 de novembro de 1889, através de um golpe militar que tinha o objetivo de derrubar a monarquia constitucional parlamentarista do Império do Brasil e, por conseguinte, pondo fim à soberania do imperador Pedro II. Mas na verdade o golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro, teve de ser antecipado para a madrugada do dia 14, pois conspiradores divulgaram boatos que o governo imperial havia mandado prender Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Deodoro da Fonseca. Com isso conspiradores dirigiram-se à residência do Marechal Deodoro, que estava doente com dispneia, e convence-o a liderar o movimento e antecipar o golpe militar.

Com o pretexto de que Deodoro seria preso, ao amanhecer do dia 15 de Novembro, o Marechal Deodoro da Fonseca, saiu de sua residência, atravessou o Campo de Santana, e, do outro lado do parque, conclamou os soldados do batalhão ali aquartelado, onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se rebelarem contra o governo. Oferecem um cavalo ao marechal, que nele montou, e, segundo testemunhos, tirou o chapéu e proclamou “Viva a República!”. Depois apeou, atravessou novamente o parque e voltou para a sua residência. A manifestação prosseguiu com um desfile de tropas pela Rua Direita, atual rua 1º de Março, até o Paço Imperial.

Eis aqui um trecho do manifesto do governo provisório republicano para refletir sobre a participação do Povo na Proclamação da Republica:

“O povo, o Exército e a Armanda Nacional (…) acabam de decretar a deposição da dinastia imperial e, consequentemente, a extinção do sistema monárquico representativo”.

Apesar do “Manifesto da Republica” citar o povo como agente participativo na tomada do poder, este por sua vez não participou do Golpe Militar que derrubou a Monarquia Imperial, mas assistiu pacificamente como relata Aristides Lobo num artigo no Diário Popular de São Paulo, em 18 de novembro de 1889:

Por ora, a cor do governo é puramente militar e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo tudo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada!”
Com isso podemos concluir que a instituição da república não teve nenhuma característica de revolução nacional, estando as principais metas do governo bem longe dos interesses do povo. A verdadeira função era defender a ordem pública e assegurar os direitos de brasileiros e estrangeiros pertencentes a classes dominantes.
Acredito que você esteja pensando: “Então o povo não participou da proclamação da republica”, mas vamos com calma! Para que o Golpe Militar acabasse com a Monarquia e tirasse D. Pedro II do poder, ocorreu muita luta antes do 15 de novembro e são nessas lutas que encontraremos as classes populares, escravos, negros libertos e tantos anônimos que não possuem lugar no Panteão dos Heróis brasileiros.

Guerra do Paraguai

Um dos conflitos que contribuiu para o enfraquecimento da Monarquia, contando com grande participação de escravos e outros membros das classes populares, foi a Guerra do Paraguai (1864-1870). Ao analisarmos as tropas participantes notaremos a presença de Negros libertos ou não, lutando em pelo menos três dos quatro exércitos dos países envolvidos. Os exércitos paraguaio, brasileiro e uruguaio tinham batalhões formados exclusivamente por negros. Como exemplos temos o Corpo dos Zuavos da Bahia e o batalhão uruguaio Florida. Os milhares de escravos incorporados às tropas formaram a maioria dos batalhões brasileiros naquele momento. Para não morrer nos campos de batalha, os aristocratas tinham o direito de mandar os escravos em seu lugar. Além disso, para aumentar o número de recrutas, o governo ofereceu liberdade aos escravos que fossem guerrear. Aproximando-se dos soldados nas dificuldades da guerra, parcela dos oficiais desenvolveu simpatia pelo abolicionismo. Com isso, mais um elemento veio afastar o Exército da monarquia.

Os conflitos abolicionistas e tantas outras formas de resistência a escravidão, foi um dos fatores cruciais para o fim da monarquia como disse o Barão de Cotegipe à Princesa Isabel ao assinar a Lei áurea: “A senhora acabou de redimir uma raça e perder um trono!”. Com a decretação da Lei Áurea (1888), e ao deixar de indenizar os grandes proprietários rurais, o império perdeu o seu último pilar de sustentação. Chamados de “republicanos de última hora”, os ex-proprietários de escravos aderiram à causa republicana.

Dentre aqueles que integraram os movimentos abolicionistas destacamos aqui a participação de Negros escravos e quilombolas, políticos como Joaquim Nabuco, o teatrólogo Artur Azevedo e o poeta Castro Alves, os negros como o advogado Luís Gama ou o engenheiro André Rebouças, mestiços como o jornalista José do Patrocínio. O próprio exército, que se formou na guerra do Paraguai e que contou com colaboração dos escravos, apoiou os abolicionistas. Além disso, as classes médias urbanas engajaram nas lutas pelo fim da escravidão, os estudantes universitários, que desenvolveram inúmeras atividades em prol da abolição.

Além das revoltas, novos ideais são difundidos, a partir de 1870 com os intelectuais brasileiros ao engajarem-se em questões sociais e lutando pela ampliação de um projeto de afirmação da identidade nacional. Foram os intelectuais da “Geração de 1870” como: Silvio Romero, João Batista Lacerda e tantos outros que levantaram polêmicas em torno de uma identidade nacional que até hoje não foram resolvidas, como o conceito Raça, Miscigenação e tantas outras teorias que tentava explica o Brasil pela convergência de povos indígenas, africanos e europeus.

Portanto podemos notar que a Proclamação da República é a culminância de diversas lutas travadas ao longo do tempo por intelectuais, movimentos sociais ansiavam por um Brasil melhor e justo.

* Trabalho da disciplina Prática de Ensino em HVI sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.