domingo, 2 de dezembro de 2012

A Era Vargas


Luis Claudio de Assis Motta

Delimitação do problema: Populismo: O “Pai dos pobres” e os direitos trabalhistas

Problematização: O uso da imagem de Getúlio Vargas como ferramenta política para manutenção do poder.

Objetivos específicos:

1) Reconhecimento do contexto histórico em que se desenvolve o varguismo.
2) Reflexões sobre o uso da imagem de Vargas como propaganda política.
3) Compreender situação da sociedade durante o período de opressão do Estado Novo
4) Análise do uso das imagens e estratégias propagandistas de Getúlio Vargas nas campanhas políticas contemporâneas.
5) Reflexões sobre as imagens 1, 2 e 3 no sentido de que os alunos possam entender o poder da imagem na construção de um mito político.

Metodologia
Exponha as imagens 1 e 2  para os alunos e peça que observem algumas situações:
  • O que as imagens representam?
  • Qual é o poder de uma manifestação como essa?
  • Em que momentos são feitas manifestações, como a representada nas imagens?
  • Quais as vantagens e desvantagens desses movimentos?
  • Considerando a época retratada em cada imagem, é possível entender o valor que esse tipo de manifestação possui?


1) Inicie a aula falando da realidade brasileira, mais próxima para os alunos. Em seguida, lance uma questão problematizadora. Pergunte aos alunos: Quais estratégias vocês usariam para conseguir um aumento salarial ou qualquer outro direito, se trabalhassem na mesma fábrica e se sentissem injustiçados?

Registre as ideias dos alunos no quadro e comece a traçar semelhanças e diferenças entre suas respostas e o período do “varguismo". Por meio desse trabalho, os alunos conhecerão as ações dos sujeitos históricos envolvidos.

2) Demonstre com estatísticas ou com exemplos de movimentos grevistas como os trabalhadores desenvolviam seus embates e formas de resistência.

3) Faça uma exposição sobre o processo de "concessão" dos direitos trabalhistas e de toda a construção da imagem de Getúlio Vargas como "Pai dos Pobres". Trabalhe com as propagandas veiculadas sobre a imagem desse governante e problematize com a turma se alguns políticos usam métodos parecidos na atualidade, usando inclusive o nome de Getúlio como referência.

4) Demonstre aos alunos como o governo agia para controlar o sindicalismo ou qualquer luta política e apresente as maneiras usadas pelo operariado para conquistar seus objetivos.

  
Imagem 1: Getúlio o pai dos pobres
Disponível em: http://www.google.com.br/search? Acessado em 10/11/12

Ao analisar a imagem 1 os alunos deverão  perceber que Vargas  queria demonstrar sua aproximação com o povo no sentido que que este povo acreditasse que seu governo era benéfico, estava realmente preocupado com o pobre e dessa forma não questionasse  a opressão e falta de liberdades do período.


Imagem 2: Vargas no livro didático".
Disponível em: http://www.google.com.br/search? Acessado em 10/11/12

Através da analise da imagem 2 os alunos deverão refletir como Vargas usou o livro didático para formar a opinião dos futuros agentes sócias, das futuras gerações de trabalhadores, tornando-os simpáticos ao seu discurso nacionalista para que não questionassem futuramente suas decisões políticas e despóticas.


Imagem 3 – Morre Getúlio
Disponível em: http://www.google.com.br/search? Acessado em 10/11/12

Para encerrar a aula demonstre como até na morte Getúlio Vargas usou sua imagem para comover a população e reverter sua situação política de corrupto e mandante de assassinato para mártir político, trabalhista e social do Brasil

Considerações finais

Getúlio foi investiu na imagem como ferramenta propagandista para manutenção do poder. Marcando seu estilo populista através da concessão de alguns benefícios aos trabalhadores urbanos com objetivo de obter apoio da população ele passa a ser chamado de “pai dos pobres” sendo rotineiramente fotografado junto a massa mais humilde da população brasileira como pode ser visto na imagem 1. No entanto a outra face do governo Getúlio Vargas raramente aparece, principalmente na imprensa ou no livro didático, seu caráter autoritário, que limitava seriamente a participação dos brasileiros no processo político, impunha a censura, restringia a liberdade controlando severamente os sindicatos e reprimia com dureza os opositores geralmente fica de fora do contexto histórico desse período da história brasileira.

A imagem 2 exemplifica a rotina propagandista de Getúlio no sentido de construir uma mentalidade que favorecesse sua manutenção no poder através de discursos nacionalistas apresentados aos futuros agentes sociais que ainda nos bancos escolares se acostumariam a pensar de acordo com a vontade do ditador e dessa forma não questionariam seus desmandos.

A imagem 3 demonstra que mesmo com sua morte Vargas não encerra sua vida politica.

No dia 5 de agosto de 1954, Carlos Lacerda, jornalista que fazia forte oposição a Vargas, sofreu um atentado no qual morreu seu guarda costas. Esse atentado foi arquitetado pelo chefe da guarda pessoal de Getúlio, que contratou dois pistoleiros para assassinar Lacerda. Acusado de mandante do crime, Vargas foi pressionado pela oposição, principalmente pelas forças armadas e acaba se suicidando com um tiro no coração na madrugada de 24 de agosto de 1954.

Vargas deixa uma Carta Testamento na qual se diz perseguido por forças contrárias ao povo que lhe atribuíam a culpa por todas as mazelas vividas pela população durante sua última passagem como governante do Brasil. Com essa última manobra Vargas consegue mesmo após sua morte vencer seus opositores que acabaram desprestigiados e responsabilizados pela opinião pública pelo triste fim de Getúlio. A população tomou as ruas durante seu enterro e atribuiu a Lacerda e demais opositores do presidente a culpa pela situação economia e social precária existente no Brasil que antes era atribuída a má gestão do Governo de Vargas. “Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se novamente e se desencadeiam sobre mim.

Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes. Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o trabalho de libertação e restaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao governo nos braços do povo.

A campanha dos grupos internacionais aliou-se às dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros extraordinários foi detida no Congresso. Contra a Justiça da revisão do salário mínimo desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização de nossas riquezas (...). Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante, tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o povo que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar a não ser meu sangue.”(GETULIO VARGAS, 1954)

Com estas palavras Vargas assegura seu lugar de mito político brasileiro e desarticula toda oposição e mácula que pudesse recair sobre seu nome, dessa forma o ditador, o homem público que subornava, torturava, oprimia e combatia a oposição a tiros, transforma-se no defensor dos operários, no responsável por implementar as leis trabalhistas, no eterno “pai dos pobres”.

Cabe ressaltar que o modelo propagandista de Vargas, que usou intensivamente sua imagem paternalista e o maior veículo de comunicação de massa da época é seguido até hoje pelos políticos contemporâneos para atrair e conquistar a opinião publica, a diferença maior entre o velho Vargas e os novos é a o acréscimo da propaganda na televisão as difundidas através do rádio, o que acrescenta um maior apelo imagético as suas campanhas. 

* Trabalho da disciplina Prática de Ensino em HVI sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.