domingo, 15 de abril de 2012

Políticas higienistas no Rio de Janeiro



Robson Machado 
          
A charge acima é uma representação do episódio conhecido na história do Brasil como as políticas higienistas no Rio de Janeiro. Para a compreendermos se faz necessário adquirir conhecimento prévio sobre a sublevação popular desencadeada a partir da atitude autoritária do Governo Federal, representado pelo presidente Rodrigues Alves, em parceria com a Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro que tinha como gestor o político e engenheiro Pereira Passos.

Alves, inspirado pelo modelo francês, decide reestruturar com o objetivo de modernizar a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal. Sua ânsia por tal empreendimento, juntamente com a política sanitarista da época posta em prática pelo médico bacteriologista, Oswaldo Cruz, vieram a acarretar nos acontecimentos históricos conhecidos como Revolta da Vacina e “bota abaixo”.

A imagem utiliza da cabeça humana como representação de um espaço urbano ocupado por pessoas marginalizadas. Percebe-se que a cabeça ilustra o morro. A expressão facial não é das mais agradáveis, pois representa a insatisfação popular perante a política adotada. Pessoas caem por todo lado, são retiradas à pente fino, literalmente, pelo projeto posto em cena por Oswaldo Cruz. Os sujeitos são expulsos de seu ambiente como se fossem piolhos indesejáveis. E como sabemos, ou o piolho pula fora do pente e vai embora, ou é macetado. No caso, macetado pela máquina pública.  Isso se torna notório, pois as pessoas que caem dos cabelos são pisoteadas por Cruz.

Ao lado dos que são macetados pelos pés do higienista estão o que aparentemente são rebeldes. Revoltosos com os braços ao alto que se manifestam contra a ação de retirá-los de seu local de moradia.

Na mão esquerda de Cruz é possível notar uma seringa. Essa representação ajuda a refletir sobre o que era usado como pretexto para atingir um objetivo notoriamente impopular entre a classe desfavorecida. Utilizava-se de um discurso protetor, paternalista e sanitarista para promover uma limpa no centro da capital.


*Trabalho desenvolvido na disciplina de Prática de Ensino em História sob a orientação da professora Ana Eugênia Nunes de Andrade.